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quinta-feira

Penso e me emociono com @s trabalhadores/as neste primeiro de maio





Caro companheiro Marco Aurélio


1º de maio sempre é comovente para mim. Esta data perpassa minha história como um punhal a atingir meu coração. Porém, 1º de maio representa sonho da virada e da vitória da justiça.


Recordo das brutais injustiças sofridas por meu pai nas lavouras de arroz da Fronteira Oeste do RS. Atrás de um arado puxado por junta de bois ou sobre um trator, acompanhei a maturação doida de um homem marcado pelos golpes dos maus tratos salariais e do trabalho pesado. A estafa era sem descanso, principalmente nos períodos de lavração e plantio da terra e colheita, sob muita pressão para aproveitar, no primeiro caso, o sol quente antes das grandes chuvas e depois, no segundo, a pressa em colher mesmo sob o rigoroso inverno para aproveitar os “ bons” preços de cada saca de arroz colhida.


A pele impactada pelo sol e pelo frio, sob o ódio dos proprietários das lavouras de arroz e do produto colhido para vender sem justiça salarial, fizeram a juventude do meu pai ser rapidamente massacrada pelo envelhecimento precoce de um trabalhador e de muitos trabalhadores desorganizados, sem direitos e reféns dos patrões. As relações familiares, os sentimentos e gestos afetivos também envelheceram celeremente, dando lugar a sonhos frustrados e ao egoísmo embrutecedor. 


O dia 1º de maio, dia do trabalhador, me lembra das vidas golpeadas de muitos irmãos e irmãos brasileir@s. Neste primeiro de maio lembro-me dos Amarildos trabalhadores assassinados dentro de suas peles negras, vítimas brutais das injustiças, do racismo e da policia assassina e serviçal do crime, como aconteceu em 2013 no Rio de Janeiro, ainda sem solução. 


Nesse primeiro de maio lembro-me das mulheres trabalhadoras, vítimas do machismo, de policiais despreparados, antissociais e bandidos, mais rápidos no gatilho covarde do que na lealdade ao povo explorado, de onde muitos provêm. Recordo com raiva e tristeza da irmã Claudia da Silva Ferreira, trabalhadora doméstica, moradora do Morro Congonha, no Rio de Janeiro, armada de um copo de café que tomaria com prazer, foi alvejada por balas de policiais rancorosos, mentirosos, covardes, traidores da segurança pública, arrastada por eles numa camioneta usada como arma para extirpar-lhe as últimas possibilidades de vida. Com Claudia, uma trabalhadora e jovem mãe, cujo direito de ver seus filhos criados e felizes foi negado e tirado brutalmente, lembro de milhões de mulheres indígenas, faveladas, operárias e revolucionárias assassinadas por amarem a justiça e por ela lutarem destemidamente.


Neste dia 1º de maio vejo com olhar dolorido os heróis da luta,  condenados à pena de morte no dia 20 de agosto de 1886, por lutarem por salários dignos e por carga de 8 horas de trabalho diário.   Foram 4 os heróis trabalhadores estadunidenses enforcados por obedecerem a consciência da luta pela justiça, mesmo diante de um juiz carrasco e mandalete da classe dominante terrorista, os burgueses. 


Neste primeiro de maio revejo as lutas históricas que são causa do reconhecimento deste dia como o dos trabalhadores. 


Este dia sintetiza a contradição entre a perseguição aos/às trabalhadores/as e a resistência simbolizada por sucessivas mobilizações que redundem na destruição da luta de classes pela vitória definitiva d@s trabalhadores/as,  impondo seus interesses de classe no poder, construindo uma sociedade justa, rica coletivamente e feliz.


Encerro coroando esse dia de lembranças e de lutas com as últimas palavras de um herói condenado por ser corajoso, combatente da justiça, da liberdade sem miséria, sem salários miseráveis e com a alegria sem exploração para tod@s. Na luta pela qual foi enforcado, por sua ousadia em combater as injustiças capitalistas na guerra da secessão nos Estados Unidos, Albert Parsons disse: “Acreditais que quando nossos cadáveres tenham sido jogados na fossa tudo terá se acabado? Acreditais que a guerra social se acabará estrangulando-nos barbaramente. Pois estais muito enganados. Sobre o vosso veredicto cairá o do povo americano e do povo de todo o mundo, para demonstrar vossa injustiça e as injustiças sociais que nos levam ao cadafalso”.



Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.

Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano, em todas as situações.

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