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sexta-feira

Esse movimento é manipulado pela mídia e pela direita golpista. Cuidado seus bobos!

Olha a barbaridade terrorista e fascista desse cartaz. O governo tem que investigar seu portador!


Meu querido Teólogo Tércio


Então meu amigo, nesses últimos dias vivencio algumas tristezas e decepções. Algumas pessoas em quem eu apostava como companheiras, sérias, inteligentes e comprometidas com a fé e com o povo, na verdade, revelaram-se distantemente fora do que demonstravam ser. Penso que cada vez que a sociedade se tenciona, principalmente no que tange a criticar modelos econômicos e políticos, as pessoas revelam aspectos não claros de seus seres. Este é o caso que me chocou em algumas pessoas muito admiradas por mim.


Esclareço, no entanto, que sou muito romântico na aposta que faço nas pessoas. Daí quando me decepciono com elas meu sofrimento me tira o sono, o apetite e a alegria. Isso vem acontecendo desde há alguns dias. Talvez seja até meio normal essa coisa meio louca de a gente projetivamente esperar dos outros o que a gente se propõe a ser para os outros. Augusto Cury aconselha que nunca esperemos nada de ninguém. Fácil aconselhar, diria eu.


Penso que todos merecemos e precisamos de críticas. Mas há alguns discursos carregados de juízos que ultrapassam a categoria de críticas para ganhar o campo do julgamento injusto.  Julgamento sempre é injusto, penso. Quem nos julga serve-se das impressões que tem sobre a gente sem conseguir adentrar no nosso coração. Portanto, pratica juízo da periferia de nosso ser. Recordo da vez em que fui julgado e condenado a dois anos e seis meses de prisão num tribunal militar em Santa Maria durante a ditadura militar. O promotor, um advogado fascista, disse coisas que eu não conseguia imaginar que ele pensasse que se tratasse de minha pessoa.  Quando o escutava, chocado me perguntava de onde tirara tanto horror para atribuir à minha pessoa. Quando chegou a vez do meu advogado de defesa, o Dr. Roberto Aguiar (doutor mesmo), ele disse coisas tão grandiosas para me defender que eu não conseguia entender de que forma chegara a tais leituras a meu respeito. O homem maravilhoso, estudioso, inteligente, culto e militante que ele descreveu não guardava relação comigo. Tudo era muito maior do que eu no seu desenho de meu ser. Por muitos anos pensei sobre isso e compreendi que qualquer juízo sobre o ser humano não combina com a pessoa que descrevemos. Por isso sempre nos enganamos.


Pois bem, o movimento que toma conta do País nesse momento e que repercute internacionalmente, revela pessoas e o que pensam, algumas demonstrando crenças arraigadas que eu não sabia existir, que decepcionaram, causando rupturas dolorosas. A crise, que é sinal de passagem, de páscoa, necessariamente impõe necessidade de união, por um lado, e afastamento, por outro. Tu sabes Tércio, desde nossos tempos de seminário e de estudos no curso de filosofia, que minhas definições sempre me inscreveram no campo ideológico à esquerda de muitos que se acomodam e se venderam por aí. Nunca mudei de lado. Sempre lutei ao lado do povo, dos pobres, dos trabalhadores e da nação soberana e desenvolvida. Nos tempos da ditadura militar e do golpe neoliberal tal postura representava visão revolucionária. Depois da eleição de Lula e, posteriormente, de Dilma eu sabia que o Brasil passou a experimentar uma entrada na perspectiva de avanços progressivos, que não deveriam parar nos projetos iniciais desses dois governos.


Agora esse movimento do passe livre aparece nebuloso para muita gente. Como é enevoado muita coisa se mistura em sua matéria: aspectos revolucionários toscos como a gigantesca mobilização que levou milhões às ruas e alguns pontos que precisam ser interpretados como uma agenda de pressões do povo por mais mudanças. Mas aspectos tremendamente atrasados, que são tentativas de voltar para bem antes de Lula, são muito fortes e repudiáveis. Um deles, que é grotesco e permissivo, é o desprezo aos partidos de esquerda e às organizações populares como MST, Centrais Sindicais, Sindicatos, Conam, UNE, UBS e tantos outros. Tal desprezo se constitui em gritante desrespeito à história de lutas e libertação de nosso povo e de nosso País. Qualquer sociólogo de boa vontade sabe que sem fomentação partidária não há luta que se organize tática e estrategicamente de modo a provocar transformações. Os partidos elaboram e dirigem o povo. Sem partidos o povo é massa informe e manipulável pela direita fascista e eletizante.


Aí que meu sofrimento, o sofrimento de quem se decepciona, ganhou sabor doloroso. Algumas pessoas em quem eu confiava e compreendia que seriam fiéis à luta se  demonstraram cegas e egoístas ao concordarem com a posição fascista que se apresentou nas marchas, principalmente nas grandes capitais. No fundo, o que se pregou nas marchas, inclusive na que presenciei aqui em Goiânia, é que os partidos não levassem bandeiras nem que seus representantes reconhecidos aparecessem nas manifestações. Amigos meus contaram que em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Brasília e em Porto Alegre houve violência contra os que sinceramente levaram as bandeiras de seus partidos e de suas organizações. Pisaram nas pessoas e rasgaram os seus símbolos. A intenção era a de humilhar mesmo.


O mais chocante de tudo isso é que as “orientações” para os brutamontes assim agirem vieram de fontes ainda não conhecidas e da TV Globo. Reitero: a atitude de negar os partidos e a militância não é coisa nova, é repetição do que Mussolini e Hitler ensinavam para a Itália fascista e para a Alemanha nazista, que acabaram amordaçando e sufocando as consciências de seus povos e até de suas classes trabalhadoras, cujos líderes foram presos e exterminados. Portanto, o que aconteceu foram aviltamento e desrespeito criminoso à Constituição Federal que define os direitos políticos dos cidadãos brasileiros.


Creio sim que os partidos carecem de críticas e de autocríticas. Muitos o fazem permanentemente e crescem. O governo precisa de críticas, de pressões e da mobilização do povo para avançar. Neste blog mesmo repercuto as críticas ao governo e aos partidos. Mas o que houve nas manifestações dessa quinta-feira não foram críticas, mas atitudes fascistas e discriminatórias, verdadeiros atentados à democracia. Decepcionei-me com amigos pela postura de direita que tomaram e até me ofenderam pelo Facebook, telefonemas e e-mails. Adotaram a manipulação da mídia sem vergonha e traidora e de direitistas, verdadeiros cavalos indomados que deram coices em portas e em pessoas para provocar destruição e golpe. Suas posturas são criminosas e inaceitáveis. Portanto, a julgar pela postura essa marcha, essas manifestações, não têm o menor significado social. Apenas atende a recalcados e a interesses economicistas e atrasados sem considerar questões políticas fundamentais do Brasil.


O Brasil já experimentou críticas e mobilizações corretas rumo às transformações. Lembro do dia 13 de março de 1964, do famoso comício na Candelária, no Rio de Janeiro, quando o povo junto ao Presidente Goulart o pressionou a estatizar empresas multinacionais, a promover reformas políticas e sociais a favor do povo e dos trabalhadores. Pena que o golpe fascista dias depois abortou tudo o que o povo corretamente conquistara.  As “diretas, já”, o “Fora Collor” etc foram movimentos corretos com imensa participação popular, que mudaram o rumo político e econômico do País. Os partidos se fortaleceram e a democracia se robusteceu. Essas manifestações de quinta-feira não colaboram em nada na linha histórica de conquista das soluções para o povo. Quanto mais fortalecidos os partidos mais forte a luta e mais profundas as consequências.


Duas coisas são necessárias urgentemente agora, antes que o golpe seja dado. 1. Identificar e punir os criminosos que praticaram vandalismos e que desrespeitaram constitucionalmente os direitos dos militantes partidários e organizativos populares de se manifestar. É preciso que sejam punidos exemplarmente. Nesse mesmo sentido, é preciso punir a Globo e as outras emissoras que manipularam o movimento no sentido de usar o povo para o golpe que se desenha. 2. É urgente que os partidos de esquerda se unam e se organizem para dirigir as manifestações e aproveitarem o rico material de indignação transformadora que se move na consciência informe desse movimento. Para isso devem chamar as organizações e os movimentos sociais para participar. Não é hora de brincadeira com o instinto aventureiro, assassino das liberdades  e golpista da direita.


Para finalizar, Tércio, posto abaixo um dos testemunhos mais eloquentes do barbarismo que acometeu e feriu muita gente em São Paulo, Rio, Brasília e Porto Alegre. Li muitos relatos, mas chamo aqui o texto do jornalista Altamiro Borges, por ser rico nos detalhes e simples de entender. Alerto, porém, que o que Altamiro escreve coincide com o testemunho de muitos outros que participaram das manifestações.


Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.

Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.

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Os fascistas querem tomar as ruas

AFP / Christophe Simon
Por Altamiro Borges


Cenas deploráveis foram presenciadas nas manifestações desta quinta-feira (20). Pegando carona nos atos para festejar a redução das tarifas do transporte público em várias cidades, milícias fascistas e grupos de provocadores saíram às ruas para rasgar bandeiras de partidos e agredir militantes de esquerda.

Aproveitando-se de um sentimento difuso contra a política, estimulado diariamente pela mídia oligopolizada e golpista, estas hordas espalharam o pânico. As forças democráticas da sociedade precisam rapidamente rechaçar estes atentados, que colocam em risco a democracia brasileira. É preciso alertar os mais inocentes para eles não se tornem massa de manobra dos grupos fascistas.

Na Avenida Paulista, centro de São Paulo, uma minoria de vândalos atacou militantes do PT, PCdoB e MST. Aos berros, pessoas mascaradas gritavam “ditadura, já” e dirigiam ataques raivosos contra a presidenta Dilma Rousseff, eleita pela maioria do povo brasileiro. No Rio de Janeiro, sindicalistas da CUT foram cercados e agredidos e tiveram suas bandeiras arrancadas. Militantes do PSTU e do PSOL também têm sido alvo de provocações. O grito de guerra entoado por estes setores intolerantes é “sem partido” – numa negação à luta política e democrática, que traz à memória as péssimas lembranças da ascensão do nazifascismo na Europa e dos golpes militares na América Latina.


Até setores que apostaram na radicalização, sonhando com “a revolução na próxima esquina”, estão assustados. Como escreveu Valério Arcary, respeitado dirigente do PSTU, os ataques são “covardes” e partem de pessoas “mascaradas, alimentando a ilusão de que a intimidação física é o bastante para vencer na luta política... O antipartidarismo, mais grave quando se dirige contra a esquerda socialista, é uma ideologia reacionária e tem nome: chama-se anticomunismo. Foi ela que envenenou o Brasil para justificar o golpe de 1964 e vinte anos de ditadura. Não deixem baixar as bandeiras vermelhas. Foram os melhores filhos do povo que derramaram seu sangue pela defesa delas”.



A presença destas hordas fascistas já tinha se manifestado antes desta quinta-feira. Como registrou José Francisco Neto, do jornal Brasil de Fato, “na segunda e na terça-feira, a reportagem constatou sensível diferença nos atos comparando-os com a semana anterior. Os gritos não eram os mesmos puxados pelos movimentos sociais. As bandeiras de partidos não foram mais estiadas. Muitas, inclusive, foram impedidas de serem levantadas por um grupo de pessoas que pediam ‘Sem partido’... Na segunda-feira, militantes da Juventude do PT quase foram agredidos por tentarem erguer a bandeira do partido. Já pessoas ligadas ao PSTU não conseguiram recuar e foram agredidas”.

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